Quando o Mar se Revolta: Entenda as Ressacas marítimas e Seus Perigos

Quem vive ou frequenta o litoral já se deparou com o mar mais agitado do que o normal — ondas que quebram com força, invadem a faixa de areia, sobem até o calçadão e surpreendem até os mais atentos. Esse cenário, muitas vezes interpretado como “mar bravo”, é o resultado de um fenômeno natural chamado de ressacas marítimas.

Apesar de fazer parte do comportamento cíclico dos oceanos, a ressaca não deve ser encarada com descuido. Ela pode causar prejuízos significativos à infraestrutura costeira, representar riscos sérios para banhistas e embarcações e até atingir áreas urbanas próximas da orla. Mais do que um espetáculo da natureza, a ressaca é um alerta que exige atenção, respeito e ação preventiva.

Neste artigo, vamos entender o que é a ressaca do mar, como ela se diferencia de outros aspectos naturais do litoral, por que ocorre com mais frequência em certas épocas do ano e, principalmente, quais cuidados pedestres, motoristas e moradores devem adotar para garantir a segurança de todos. Acompanhe!

O que são ressacas no mar? 

Tratam-se de um fenômeno natural que acontece devido a elevação anormal do nível do mar e do aumento da agitação das suas águas. Ele é provocado pela instabilidade do tempo atmosférico, como durante a passagem de uma frente fria ou de um ciclone. 

Qual é a diferença de ressaca marítima e praias de tombo?

Apesar de ambos estarem associados ao mar e aos riscos à segurança, ressacas e praias de tombo são conceitos diferentes.

As praias de tombo são caracterizadas por uma inclinação acentuada logo após a linha da areia. Isso significa que, ao entrar no mar, a profundidade aumenta de forma abrupta.

Nessas praias, uma pessoa pode estar com água até os tornozelos e, com mais um passo, afundar até a cintura. Essa característica geológica favorece a formação de ondas fortes e o retorno rápido da água ao mar, criando correntes de retorno perigosas para os banhistas.

Já a ressaca marítima é um evento temporário e dinâmico, relacionado à chegada de ondas grandes e fortes provocadas por sistemas meteorológicos distantes.

A ressaca pode acontecer em qualquer tipo de praia — inclusive nas praias de tombo — e, durante sua ocorrência, o mar se comporta de maneira mais agressiva, com ondas maiores e avanço da água sobre a terra.

Portanto, enquanto a praia de tombo é uma característica geográfica permanente, a ressaca é um fenômeno passageiro, mas que pode ocorrer com bastante frequência dependendo da região e das condições climáticas.

Como são as ressacas marinhas? 

As ondas de grande amplitude costumam se quebrar na orla ou avançam sobre a praia. Isso pode afetar o equilíbrio dos ambientes litorâneos. Além disso, prejudica a infraestrutura e traz riscos à população, sobretudo para aquelas pessoas que vivem próximas à orla. 

Essas consequências acontecem porque, geralmente, as ondas que chegam até a praia podem ter mais de três metros de altura. 

Quanto tempo dura a ressaca marítima? 

O período da ressaca marítima é bastante variável. Existem aquelas que estão associadas às marés astronômicas e são causadas pela ação da gravidade da Lua sobre os oceanos. Aqui, ficam ativas durante o período noturno. 

As ressecadas causadas pela instabilidade atmosférica costumam durar enquanto a célula que causa as alterações no tempo estiverem sobre aquela região. Em outras palavras, podem permanecer no local por algumas horas ou dias. 

Quando acontecem as ressacas marítimas? 

As ressacas marítimas podem ocorrer em qualquer período do ano. Contudo, são mais frequentes durante o outono e o inverno. 

Na primeira semana de abril de 2025, por exemplo, a Marinha do Brasil emitiu um alerta para ressacas marítimas entre as manhãs desta sexta-feira (4) e domingo (6), aqui nas praias de Ubatuba

Quais são os cuidados que se deve ter com ressaca marítima?

As ressacas marinhas oferecem riscos reais e, por isso, é essencial adotar medidas de segurança quando esse fenômeno é previsto ou está em andamento. 

Evite entrar no mar

Durante uma ressaca, as ondas são mais fortes, imprevisíveis e podem puxar com grande força. Mesmo surfistas experientes devem avaliar com muito cuidado as condições antes de se arriscar.

Dê atenção aos alertas

Fique atento às previsões meteorológicas e aos avisos da Marinha do Brasil, que costuma emitir alertas sobre ressacas marinhas, indicando horários, duração e regiões afetadas.

Afaste-se das áreas costeiras

Evite caminhar ou permanecer em calçadões, pedras e píeres próximos ao mar durante uma ressaca. As ondas podem avançar com força e surpreender quem está distraído.

Proteja embarcações

Quem possui barcos ou embarcações deve redobrar os cuidados, reforçando amarras e, se possível, retirando o veículo da água durante o período crítico. As ondas podem danificar ou até virar embarcações atracadas.

Dê atenção A crianças e animais

Crianças e animais de estimação são mais vulneráveis. Mantenha-os longe da água durante ressacas e evite brincadeiras na beira do mar.

Redobre os Cuidados com a erosão

Para moradores de áreas litorâneas, é importante observar possíveis sinais de erosão costeira e, em casos mais graves, considerar o apoio da Defesa Civil. Estruturas como muros e calçadas podem ceder com a força das ondas.

Quais são os cuidados que os motoristas devem ter com as ressacas marítimas? 

Muitas pessoas pensam apenas nos riscos para banhistas e construções, mas os veículos também podem ser severamente afetados, especialmente em cidades litorâneas onde ruas e avenidas costeiras ficam próximas da faixa de areia.

Por isso, listamos os principais cuidados que os motoristas e proprietários de veículos devem ter durante uma ressaca marítima. Confira!

Evite estacionar perto do mar

Durante as ressacas marítimas, as ondas podem ultrapassar a faixa de areia e invadir calçadões, ruas e avenidas costeiras. Estacionar nesses locais coloca o carro em risco de ser atingido pela água salgada, que é altamente corrosiva.

Não trafegue em áreas alagadas por água do mar

A água do mar em contato com o sistema elétrico, motor e partes metálicas do carro pode causar danos sérios e muitas vezes irreversíveis. Além disso, há o risco de aquaplanagem ou de o carro ser levado pelas ondas se estiver muito próximo à orla.

Faça inspeção após exposição

Se o carro foi atingido por água do mar, mesmo que parcialmente (por baixo ou nas rodas), leve-o a um mecânico de confiança para avaliar possíveis danos mecânicos e elétricos. Isso pode evitar problemas futuros e gastos maiores.

Nunca tente atravessar áreas com ondas invadindo a pista

Por mais que pareça seguro ou “rápido”, uma onda pode surpreender e desestabilizar o carro. Além do risco à vida, há a chance do carro sofrer pane ou ser levado pela força da água.

Enfim, as ressacas marítimas são fenômenos naturais poderosos que, apesar de sua origem distante e silenciosa, podem causar impactos imediatos e perigosos no nosso dia a dia. 

Ondas altas, mar avançando sobre calçadões, ruas alagadas, estruturas danificadas e riscos à vida são apenas alguns dos efeitos visíveis desse movimento do oceano.

Por isso, é fundamental que pedestres evitem caminhar em orlas e costões durante os períodos de ressaca, por mais tranquilo que o tempo pareça estar. 

Motoristas devem redobrar a atenção e evitar trafegar ou estacionar próximos à praia, protegendo seus veículos e, principalmente, sua segurança.

Para toda a população, o recado é claro: a força do mar merece respeito. Ressacas não são apenas “ondas grandes” — são eventos que exigem informação, prevenção e responsabilidade coletiva.

Ao menor sinal de alerta das autoridades, o melhor a fazer é se afastar das áreas de risco, manter-se informado e colaborar para que todos estejam seguros.

Cuidar de si também é cuidar do outro. Quando o mar avisa, é hora de ouvir e agir com consciência. Afinal, a beleza do oceano só pode ser admirada com segurança — e isso depende de cada um de nós.

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