A Rodovia Oswaldo Cruz (SP-125) é um dos principais acessos entre o Vale do Paraíba e o Litoral Norte de São Paulo. Ela liga a cidade de Taubaté, no interior paulista, à cidade de Ubatuba, no litoral, cruzando um dos trechos mais preservados da Serra do Mar.
Com 91 km de extensão total, a rodovia é dividida em dois trechos: de Taubaté até São Luiz do Paraitinga, com 39 km, e de São Luiz até Ubatuba, com mais 52 km. Ao longo do trajeto, o motorista passa por áreas de grande beleza natural e contato com a Mata Atlântica.
Por que se chama Rodovia Oswaldo Cruz
O nome da rodovia é uma homenagem ao médico e sanitarista Oswaldo Cruz, nascido na cidade de São Luiz do Paraitinga. Sua contribuição para a saúde pública brasileira no combate a epidemias e no avanço da medicina sanitária foi fundamental no início do século XX, e a homenagem reforça a ligação histórica do profissional com a região.
Trajeto e municípios ao longo da estrada

A rodovia começa em Taubaté, na Avenida Dom Pedro I, e termina em Ubatuba, na Avenida Professor Thomaz Galhardo. Embora passe por Redenção da Serra e Natividade da Serra, a SP-125 não corta os centros urbanos dessas cidades.
Já São Luiz do Paraitinga é a principal cidade diretamente conectada à estrada e ponto de parada comum para quem viaja com mais calma em direção ao litoral.
A estrada é administrada pelo DER-SP (Departamento de Estradas de Rodagem de São Paulo) e ainda preserva muito de sua origem: o traçado segue, em parte, o caminho dos tropeiros e antigas trilhas indígenas que ligavam o interior ao litoral, especialmente o porto de Ubatuba.
Descendo a Serra do Mar pela Oswaldo Cruz

O trecho mais exigente da SP-125 está na descida da Serra do Mar. A inclinação é acentuada e, ao longo de apenas 7 km, o motorista desce do planalto até o nível do mar em Ubatuba.
Para efeito de comparação, na rodovia dos Tamoios, que liga São José dos Campos a Caraguatatuba, a descida é mais longa, com cerca de 15 km.
Essa diferença torna a Oswaldo Cruz uma estrada mais íngreme, com curvas fechadas e exigência de atenção redobrada, principalmente para motoristas menos experientes ou em condições de chuva.
Cemitério de calotas: uma curiosidade local
Uma das cenas mais marcantes para quem desce a Serra pela Oswaldo Cruz é o número de calotas jogadas ao longo da estrada. Devido à alta inclinação e ao esforço exigido dos freios e pneus, o calor excessivo faz com que muitas calotas plásticas se soltem das rodas e acabem ficando pelo caminho.
O fenômeno é tão frequente que o local já é apelidado informalmente de “cemitério de calotas”. Para quem observa com atenção, é possível ver dezenas dessas peças espalhadas entre as curvas e encostas.
Mirante da Felicidade: um respiro no meio do caminho
No km 76+650 da Rodovia Oswaldo Cruz existe um ponto de parada obrigatório para quem aprecia boas paisagens: o Mirante da Felicidade, também conhecido como Janela de Ubatuba.
O apelido faz todo sentido. De lá é possível ver o encontro do verde da Mata Atlântica com o azul do mar de Ubatuba. O ponto marca o início da parte final da descida da serra e funciona como um aviso de que o destino está próximo.
Muitos viajantes aproveitam esse ponto para respirar fundo, contemplar a vista e fazer uma pausa rápida antes de seguir viagem.
A origem histórica da SP-125

A Rodovia Oswaldo Cruz tem raízes históricas profundas. Antes de ser asfaltada e sinalizada como é hoje, o caminho era uma trilha usada por indígenas e posteriormente por tropeiros, servindo de elo entre o interior e o porto de Ubatuba.
Durante o Brasil Colonial, esse percurso fez parte de uma rota alternativa à antiga Estrada Real, que ligava o Vale do Paraíba ao litoral fluminense, especialmente a cidade de Paraty.
Havia um ponto estratégico em Taubaté, o bairro do Registro, onde as mercadorias que subiam ou desciam a serra eram catalogadas. Essa prática deu origem ao nome do bairro e mostra a importância econômica da ligação.
O que esperar ao dirigir pela Rodovia Oswaldo Cruz?
A estrada não é duplicada e exige atenção constante do motorista. Há trechos com curvas muito fechadas, alguns com pouca visibilidade e outros com calçamento escorregadio em dias úmidos.
Além disso, devido à proximidade com a mata nativa, é comum o aparecimento de animais silvestres atravessando a pista, o que exige prudência.
O caminho também conta com áreas de escape e sinalização vertical em pontos críticos, mas mesmo assim o ideal é descer a serra em velocidade controlada e com o freio-motor acionado.
A beleza do percurso e a experiência da viagem
Apesar de ser mais desafiadora do que outras estradas para o litoral, a Rodovia Oswaldo Cruz oferece uma das viagens mais bonitas do Estado de São Paulo.
O contato com a vegetação nativa da Serra do Mar, o som de pequenos riachos, o cheiro úmido da floresta e a sensação de altitude fazem dessa estrada muito mais do que uma ligação entre cidades. Ela entrega uma verdadeira experiência de travessia entre dois mundos: o ritmo do interior e a energia do litoral.
Quando vale a pena optar pela SP-125?
Para quem vem de cidades do Vale do Paraíba, como Taubaté, Tremembé, Pindamonhangaba ou Aparecida, a Rodovia Oswaldo Cruz é uma boa opção para chegar a Ubatuba.
Também é uma alternativa viável para evitar congestionamentos comuns na Rodovia dos Tamoios, principalmente em feriados e alta temporada. Porém, vale reforçar: a estrada não é recomendada para quem tem medo de altura, enjoos em curvas fechadas ou dirige veículos com problemas de freios.
Enfim, a Rodovia Oswaldo Cruz é muito mais do que um caminho entre Taubaté e Ubatuba. É um traçado com história, cultura e paisagens que representam o melhor do interior e do litoral paulista.
Quem percorre seus 91 km não está apenas viajando, mas vivendo um pouco da trajetória dos antigos tropeiros, dos registros do Brasil Colonial e da força da natureza que resiste no coração da Serra do Mar. Para quem gosta de viajar com olhos atentos e espírito curioso, cada curva da SP-125 tem uma história a contar.

Vivo e respiro Ubatuba. Mais do que moradora, sou uma exploradora apaixonada, sempre em busca de cantinhos autênticos e histórias que só quem realmente vive a cidade conhece. Não gosto de dicas genéricas e acredito que Ubatuba merece ser descoberta. Compartilho minha experiência real, sem filtros, mostrando que esse paraíso vai muito além do verão.