Correntes de retorno são fenômenos naturais que acontecem em praias com formação de ondas. Elas são verdadeiros corredores de água que se formam quando a água que chega à praia com a força das ondas precisa retornar para o mar.

Esse movimento cria uma espécie de canal que puxa rapidamente tudo que estiver na sua direção, inclusive banhistas desavisados.

Apesar de parecer um problema isolado das praias, muitos não sabem que o maior número de afogamentos no Brasil ocorre em rios, represas e piscinas.

Mesmo assim, as correntes de retorno estão entre as principais causas de socorro em praias e são perigosas justamente porque passam despercebidas por grande parte das pessoas.

O que são correntes de retorno?

Ao contrário do que muitos pensam, uma corrente de retorno não é aquele movimento das ondas quebrando na praia. Ela se forma depois da arrebentação, quando a água precisa voltar para o mar.

O problema é que ela faz isso de forma rápida e com uma força que surpreende qualquer um que esteja na linha desse fluxo.

Quem não tem conhecimento do que está acontecendo, tenta nadar direto para a areia, contra a força da corrente, o que praticamente nunca dá certo e acaba levando ao cansaço extremo e, infelizmente, em muitos casos, ao afogamento.

Por outro lado, essas mesmas correntes são utilizadas por surfistas experientes como uma espécie de atalho. Eles aproveitam esse fluxo para chegar rapidamente na área onde as ondas estão se formando, economizando tempo e energia.

Mas vale lembrar que esses surfistas estão com prancha, leash e conhecimento suficiente para entender como se movimentar ali. Para banhistas comuns, se tornar vítima desse fenômeno não é apenas possível, como infelizmente bastante comum.

Como perceber a corrente de retorno?

Saber identificar uma corrente de retorno pode ser a diferença entre um dia seguro na praia e um susto que ninguém quer passar.

Aparência do mar

A primeira coisa que se observa é a aparência do mar. A corrente de retorno cria uma faixa de água mais escura, justamente porque ali há maior profundidade. Ao contrário do que muitos imaginam, esse trecho costuma estar com menos ondas ou até sem nenhuma.

É exatamente isso que engana muita gente, que olha para aquele espaço aparentemente mais tranquilo e escolhe exatamente aquele ponto para entrar no mar.

Movimento da água

Outra característica que chama atenção é o movimento da água. Na área da corrente, há pequenas agitações e um aspecto diferente na superfície, como se a água estivesse sendo sugada naquela direção.

Dependendo da praia, pode ser uma água mais escura, quando há maior profundidade, ou até mais clara, quando a areia do fundo está sendo revolvida pela força do fluxo.

Correntes de retorno costumam se formar próximas a obstáculos fixos, como pedras, rochedos, espigões e molhes. Esses elementos ajudam a criar o caminho pelo qual a água retorna ao mar. Por isso, pontos muito próximos a essas estruturas merecem ainda mais atenção.

Movimentação das ondas

Outro sinal de alerta é observar onde as ondas estão quebrando. Se há uma sequência de ondas constantes dos dois lados e, bem no meio, existe um trecho onde quase não quebra nenhuma onda, pode ter certeza de que ali há uma corrente de retorno atuando.

Esse espaço sem ondas, que para muitos parece ser a escolha perfeita para mergulhar, na verdade é o local mais perigoso.

O que fazer se entrar em uma corrente de retorno?

Saber o que fazer ao ser puxado por uma corrente de retorno é tão importante quanto saber identificá-la. E o primeiro ponto é muito claro: não tente nadar diretamente de volta para a praia.

Essa é a reação mais comum e, ao mesmo tempo, o erro que leva à maioria dos casos de afogamento. A corrente é muito mais forte do que a sua capacidade de nadar contra ela. O resultado é cansaço extremo e, rapidamente, perda de forças.

Nade de forma lateral

A recomendação é nadar de forma lateral, em paralelo à praia. Dessa maneira, você sai da faixa da corrente, que normalmente não é muito larga. Depois de escapar dela, é possível nadar de volta para a areia com muito mais facilidade. Em muitos casos, nadar na diagonal, aproveitando também a ajuda das ondas, é uma estratégia ainda mais eficiente.

Mantenha a calma

Se perceber que está muito cansado e não consegue fazer esse movimento lateral, a orientação é se manter calmo e tentar flutuar. A corrente de retorno não puxa você para o fundo, ela apenas leva mar adentro.

Passados alguns metros além da arrebentação, a força da corrente diminui ou até desaparece. A partir desse ponto, é possível buscar uma rota segura para sair da situação.

Um sinal claro de que você está dentro de uma corrente de retorno é perceber a água ficando mais fria e a profundidade aumentando rapidamente. Esse é um alerta imediato para colocar em prática a estratégia de nadar lateralmente ou, se for o caso, flutuar até conseguir sair da faixa da corrente.

Manter a calma é fundamental. O desespero faz com que a pessoa gaste energia de forma desnecessária e acabe se colocando em uma situação ainda mais delicada. Outra atitude que deve ser tomada é acenar por socorro. Levantar os braços, chamar atenção de quem está na areia ou dos guarda-vidas aumenta muito as chances de ser resgatado rapidamente.

Mergulhe por baixo das ondas

Importante lembrar que, se as ondas estiverem muito fortes no trajeto de retorno, vale utilizar uma técnica que muitos surfistas usam: ao invés de enfrentar o impacto das ondas de peito, puxe o ar e mergulhe por baixo delas. Isso evita que você tome caldos seguidos, o que cansa ainda mais e dificulta sua saída da situação.

Mesmo entendendo tudo isso, a principal recomendação é simples: observe sempre as bandeiras de sinalização, converse com os salva-vidas e pergunte quais são os pontos mais seguros da praia naquele dia. As condições do mar mudam frequentemente e um local que ontem estava tranquilo, hoje pode estar com uma corrente de retorno forte.

A praia é um dos ambientes mais incríveis para se divertir, relaxar e curtir o contato com a natureza. Mas é também um ambiente que exige respeito.

Correntes de retorno fazem parte desse cenário e entender como elas funcionam nas praias de Ubatuba e de qualquer região do Brasil é fundamental para garantir que seu dia seja apenas de boas lembranças e não de sustos desnecessários.

Bianca Mayer

Vivo e respiro Ubatuba. Mais do que moradora, sou uma exploradora apaixonada, sempre em busca de cantinhos autênticos e histórias que só quem realmente vive a cidade conhece. Não gosto de dicas genéricas e acredito que Ubatuba merece ser descoberta. Compartilho minha experiência real, sem filtros, mostrando que esse paraíso vai muito além do verão.