Todo mundo conhece o Litoral Norte de São Paulo por suas praias, trilhas e cenários que parecem cartão-postal. Mas, entre abril e julho, algo ainda mais grandioso costuma acontecer por ali — e poucos sabem da importância e do impacto desse fenômeno. A costa, que já é bonita por si só, vira palco de um espetáculo da natureza difícil de descrever em palavras.

É nessa época que os olhos mais atentos conseguem ver, no horizonte ou até bem próximos dos barcos, enormes silhuetas que surgem e somem entre as ondas. Algumas saltam, outras batem as nadadeiras com força e parecem fazer questão de anunciar sua chegada: são as baleias-jubarte, migrando em grupo pelas águas paulistas, e oferecendo um show que nem mesmo os moradores mais antigos cansam de assistir.

Logo abaixo, vamos trazer algumas dicas de onde avistar esse animal com mais facilidade e algun cuidados de segurança. Acompanhe!

Quando começa a temporada de baleias?

Neste ano, o primeiro registro não foi feito nas praias de Ubatuba. Na verdade, a temporada de baleias começou na região do Bonete, em Ilhabela, no dia 28 de abril. Naquele período, as jubartes foram vistas bastante ativas, saltando e se aproximando da embarcação, sem medo.

Abril a julho: o calendário natural das jubartes

A temporada começa timidamente em abril, mas é em maio que o movimento ganha força. Junho e julho, no entanto, são os meses mais esperados por quem deseja observar o maior número possível de baleias. Nessa fase, o Litoral Norte se transforma em ponto estratégico da rota migratória das jubartes.

Isso acontece porque esses animais saem da região da Antártica, onde se alimentam durante o verão, e migram para o litoral da Bahia, onde as águas são mais quentes — o cenário ideal para a reprodução. O Litoral Norte de São Paulo está exatamente no caminho desse deslocamento, o que garante ao estado um espetáculo natural recorrente e previsível.

Por que as baleias passam por ubatuba?

As jubartes são uma espécie cosmopolita, o que significa que são encontradas em diversos pontos do planeta. Mas o grupo que passa pelo Brasil, e mais especificamente por São Paulo, tem hábitos bem definidos. Elas se alimentam na Antártica e, no auge do inverno, nadam mais de 5.000 km até a costa nordestina, especialmente a região de Abrolhos, onde se concentram para acasalar e dar à luz.

Essa migração não é só um show para os olhos humanos. Ela tem um papel biológico fundamental para a espécie. A passagem pelo litoral paulista representa uma pausa no trajeto, um ponto de descanso e, às vezes, até de interação com outros grupos.

Crescimento da população e impacto no turismo

A boa notícia é que a população de jubartes no Brasil está aumentando. Após décadas de caça predatória, a espécie hoje é protegida por lei e projetos como o do Instituto Baleia Jubarte monitoram a rota, o comportamento e os impactos humanos sobre os animais.

Em Ilhabela, por exemplo, próximo a Ubatuba, o turismo ganhou fôlego nos últimos anos com a chegada das baleias. Além das trilhas, cachoeiras e praias, os passeios para observação de baleias viraram uma nova atração entre maio e julho. Para o município, isso representa crescimento econômico, principalmente fora da tradicional alta temporada do verão.

Mas, como todo turismo ecológico, é preciso cuidado.

O que preciso saber antes da temporada de baleia?

A observação das jubartes é uma atividade permitida, mas precisa seguir regras bem definidas para não colocar os animais nem as pessoas em risco. Veja abaixo as principais orientações:

• Mantenha a rota da baleia livre: não interfira no caminho natural dela.
• Nunca fique na frente ou atrás do animal: o ideal é permanecer ao lado.
• Barcos não devem ultrapassar 5 nós de velocidade: isso evita colisões e sustos nos animais.
• Fique a pelo menos 100 metros de distância: chegar muito perto pode estressar a baleia.
• Deixe o motor em ponto morto, nunca desligado: isso facilita uma reação rápida, caso necessário.
• No máximo dois barcos por baleia: aglomeração prejudica o bem-estar do animal.
• Não ultrapasse 30 minutos de permanência: esse é o tempo ideal de observação.
• Evite separar grupos de baleias: especialmente mães e filhotes.
• Mantenha silêncio a bordo: ruídos altos podem desorientar as jubartes.
• Jamais jogue lixo na água: o impacto ambiental pode ser devastador.
• Nunca mergulhe perto delas: isso pode ser interpretado como ameaça.

O que observar nas jubartes?

Para quem está prestes a embarcar num passeio de observação, vale a pena saber o que procurar. Esses lindos animais são conhecidos graças aos seus saltos completos fora da água, o que não é comum entre as baleias.

Também costumam bater a cauda na superfície com força e levantar as nadadeiras peitorais em sinal de comunicação. Às vezes, ficam apenas boiando com a nadadeira dorsal à mostra — um momento de descanso, mas que pode render fotos incríveis.

Outra cena bastante comum na temporada de baleias é avistar filhotes próximos as mães. Se você tiver essa sorte, saiba que os pequenos são mais curiosos e, em grande parte dos casos, costumam chegar próximo as embarcações com bastante frequência.

Preservar para continuar assistindo

A temporada de baleias no Litoral Norte de SP é mais do que um atrativo turístico. É um lembrete de que o mar está vivo — e que nossa responsabilidade é preservar esse movimento. Mesmo com a espécie em recuperação, o risco de encalhes, colisões com barcos e poluição ainda é real.

Observar uma jubarte em seu ambiente natural é um privilégio. E com conhecimento, respeito e educação ambiental, esse espetáculo pode continuar acontecendo, todos os anos, para turistas, moradores e futuras gerações.

Enfim, se quiser acompanhar a temporada de perto, vale seguir os canais do Instituto Baleia Jubarte ou da prefeitura da região, que costumam divulgar os principais registros e avistamentos confirmados. E, claro, planeje sua visita para os meses de pico. Junho e julho têm sido imbatíveis.

Michelle Souza

Sou Michele, apaixonada por ecoturismo e por tudo o que envolve aventura e natureza. Ubatuba é meu playground e, ao longo dos anos, explorei os melhores lugares para trilhas, mergulho, surf, rapel e tantos outros esportes ao ar livre.

Mas não basta só conhecer os destinos — saber como chegar com segurança, o que levar e quais cuidados tomar faz toda a diferença. Por isso, compartilho dicas práticas para que você evite imprevistos e aproveite cada momento ao máximo. Quero que sua viagem a Ubatuba seja memorável, cheia de descobertas e conexão real com a natureza!