Aprender como fazer um mochilão é uma das formas mais autênticas e econômicas de viajar. Ao contrário de roteiros convencionais, esse estilo de viagem privilegia a liberdade, o contato com a cultura local e a busca por experiências inesquecíveis. Mas para que a aventura seja bem-sucedida, é essencial um bom planejamento.
Neste guia, vamos compartilhar dicas valiosas para quem quer se aventurar no mundo do mochilão, desde a escolha da mochila até os cuidados essenciais para evitar imprevistos. E se o seu destino for Ubatuba, temos sugestões de roteiro e informações específicas para aproveitar ao máximo essa cidade incrível. Acompanhe!
O que é um mochilão?

Mochilão é um estilo de viagem baseado na liberdade, na simplicidade e na busca por experiências autênticas. Diferente do turismo tradicional, onde o roteiro é mais fechado e o conforto muitas vezes é a prioridade, o mochilão se destaca pela flexibilidade e pelo espírito de aventura.
O nome dessa prática vem do item essencial desse tipo de viagem: a mochila, que carrega tudo o que o viajante precisa, permitindo maior mobilidade e independência.
Saiba como é o Perfil do mochileiro
Um mochileiro geralmente busca gastar menos, priorizando hospedagens econômicas, transporte alternativo e alimentação acessível. Isso não significa abrir mão da qualidade da viagem, mas sim valorizar experiências genuínas, como conhecer moradores locais, explorar lugares pouco turísticos e aprender sobre novas culturas de forma mais imersiva.
Conheça os Benefícios do mochilão

Outra característica marcante do mochilão é a adaptação. Como a viagem não segue um roteiro engessado, o viajante pode mudar seus planos conforme as oportunidades surgem. Pode ser uma nova amizade que convida para um destino inesperado, um evento local que vale a pena conferir ou até um lugar que se revelou mais interessante do que o previsto.
Além do lado econômico e da flexibilidade, o mochilão também é uma jornada de autoconhecimento. Viajar com pouco ensina a desapegar, a resolver problemas de forma criativa e a se adaptar a diferentes situações.
Independente do destino, o mochilão é mais do que uma viagem – é um estilo de vida, uma forma de explorar o mundo com os pés na estrada e a mente aberta para novas possibilidades.
Para quem o mochilão é adequado?

O mochilão é uma excelente opção para quem busca mais do que apenas turismo: é para aqueles que querem viver a viagem de forma intensa, sem roteiros engessados e sem depender de luxo. No entanto, ele não é para todo mundo. Esse estilo de viagem exige disposição, adaptação e um certo nível de preparo físico e emocional.
Jovens aventureiros, viajantes solo, casais ou até mesmo famílias que gostam de explorar novos lugares com liberdade podem se beneficiar desse tipo de viagem. O mochilão é ideal para quem está aberto a imprevistos e quer viver experiências mais próximas da cultura local, seja dormindo em hostels, pegando carona ou explorando trilhas a pé.
Avaliação é essencial antes de sair para um mochilão em Ubatuba
É essencial avaliar o trajeto antes de embarcar. Isso porque, algumas viagens de mochilão envolvem caminhadas longas, carregar mochilas pesadas e enfrentar condições climáticas adversas.
Pessoas sedentárias ou com problemas de mobilidade, por exemplo, podem ter dificuldades se não escolherem roteiros adequados ao seu preparo físico. Em outras palavras, viajar dessa forma não significa passar perrengue o tempo todo, mas exige certa resistência e planejamento.
Quanto custa um mochilão no Brasil?

O custo de um mochilão no Brasil pode variar bastante, dependendo dos destinos escolhidos, do estilo de viagem e do nível de conforto que o viajante deseja. Enquanto algumas regiões são mais acessíveis, outras exigem um orçamento maior, principalmente pelo custo de transporte e hospedagem.
Por exemplo, um mochilão em Ubatuba pode ter um custo médio acessível para quem busca economizar. A cidade conta com opções de hospedagem barata, como campings e hostels, além de praias gratuitas e trilhas que não exigem grandes gastos.
Para alimentação, é possível encontrar restaurantes econômicos e até preparar a própria comida em hospedagens com cozinha compartilhada. O maior gasto, nesse caso, pode ser o transporte, principalmente para quem chega de outras regiões e precisa pegar ônibus ou caronas para se locomover entre as praias de Ubatuba.
Já um mochilão pelo Nordeste pode ser mais caro, especialmente em algumas cidades turísticas, como Jericoacoara e Fernando de Noronha, que costumam ter preços mais elevados.
Adicionalmente, as passagens de ônibus e voos podem encarecer o roteiro. Por isso, quem pretende visitar várias cidades precisa calcular bem esses custos.
No geral, um mochilão econômico pelo Brasil pode custar entre R$ 100 a R$ 250 por dia, incluindo hospedagem, alimentação e transporte local. Para quem opta por mais conforto ou passeios pagos, o valor pode ultrapassar os R$ 300 diários.
A dica principal é pesquisar bem os custos antes de viajar e adaptar o roteiro ao seu orçamento. Optar por hospedagens simples, dividir transporte e buscar opções gratuitas de lazer pode fazer com que o mochilão saia muito mais barato sem perder a experiência incrível de explorar o Brasil.
Como se preparar para um mochilão?

Se aventurar em um mochilão é uma experiência única, mas exige planejamento para que a viagem seja segura, econômica e inesquecível. Desde a escolha do destino até a organização da mochila, cada detalhe pode influenciar no sucesso da jornada. Logo abaixo, separamos algumas dicas essenciais para se preparar da melhor forma.
1. Escolha o destino e pesquise bem
Antes de tudo, defina para onde quer ir e pesquise sobre o local. Se for um mochilão dentro do Brasil, leve em consideração fatores como clima, custo de vida, segurança e transporte. Lugares como Ubatuba, Chapada dos Veadeiros, Lençóis Maranhenses e o litoral catarinense são ótimas opções para esse estilo de viagem.
Pesquise sobre os meios de locomoção, se há transporte público eficiente ou se será necessário pegar caronas ou alugar um veículo. Além disso, conheça a cultura e os costumes do destino para evitar imprevistos e tornar sua experiência mais rica.
2. Defina um orçamento
O mochilão pode ser econômico, mas ainda assim requer um planejamento financeiro. Na prática, você deve estimar seus gastos com transporte, alimentação, hospedagem e passeios. Uma boa dica é estabelecer um valor médio diário e tentar não ultrapassá-lo.
Se possível, tenha uma reserva extra para emergências, pois imprevistos podem acontecer, como precisar de um transporte de última hora ou um medicamento inesperado.
3. Escolha a mochila certa

A mochila será sua melhor amiga durante o mochilão, então escolher o modelo certo é fundamental. Prefira mochilas ergonômicas, que tenham suporte para a lombar e alças ajustáveis. Os modelos com compartimentos organizados facilitam o acesso aos itens essenciais.
Também é importante evitar carregar peso desnecessário. Ou seja: leve apenas o essencial e pense em peças de roupa versáteis, que possam ser usadas em diferentes ocasiões.
4. Monte uma mala prática e funcional
Menos é mais em um mochilão. Tendo isso em mente, opte por roupas leves, que sequem rápido e possam ser combinadas entre si. Prefira peças confortáveis para caminhadas e inclua uma jaqueta impermeável caso vá para lugares frios ou chuvosos.
5. Planeje a hospedagem com antecedência
Mesmo em um mochilão flexível, é bom ter pelo menos as primeiras noites reservadas. Hostels, pousadas econômicas e campings são as melhores opções para mochileiros, já que além do preço mais acessível, permitem interação com outros viajantes.
6. Organize seu roteiro, mas com flexibilidade
Ter um planejamento básico ajuda a otimizar a viagem, mas o mochilão também é sobre espontaneidade. Deixe espaço para mudanças e oportunidades inesperadas, como conhecer um lugar novo indicado por outro viajante ou estender sua estadia em um local que gostou muito.
Faça uma lista dos pontos que deseja visitar, mas sem pressa. Viajar no ritmo certo faz toda a diferença para aproveitar melhor cada experiência.
7. Cuide da segurança
Segurança deve ser prioridade. Logo, antes de viajar, pesquise sobre os riscos do destino e fique atento a golpes comuns contra turistas. Para evitar problemas, siga estas dicas:
- Evite andar sozinho à noite em locais desconhecidos;
- Guarde documentos e dinheiro em locais seguros;
- Leve cópias digitais dos documentos em caso de perda;
- Mantenha contato com familiares ou amigos sobre seu itinerário;
- Se for para trilhas ou áreas remotas, avise alguém sobre seus planos e leve um celular carregado.
8. Aprenda a lidar com imprevistos

Nem tudo sairá como planejado, e isso faz parte da experiência. Pode ser que um ônibus atrase, um passeio seja cancelado ou o clima mude de repente. Ter jogo de cintura e saber se adaptar é essencial para um mochileiro.
Se algo der errado, respire fundo, avalie as alternativas e siga em frente. Muitas vezes, os melhores momentos acontecem justamente quando os planos mudam.
9. Aproveite o caminho, não só o destino
O mochilão não é só sobre chegar ao destino final, mas sobre toda a jornada. Converse com moradores, experimente comidas típicas, explore lugares fora do roteiro turístico e se permita sair da zona de conforto.
Cada viagem traz aprendizados únicos, e quanto mais aberto você estiver para novas experiências, mais enriquecedora será a aventura.
Dica de roteiro para fazer um mochilão em Ubatuba
Viajar com uma mochila nas costas, sem um roteiro muito rígido e aberto a novas experiências, sempre foi algo que me fascinou. Quando surgiu a oportunidade de fazer um mochilão de Ubatuba até Paraty, não pensamos duas vezes.
Queríamos sentir a liberdade de percorrer praias, trilhas e cidades no nosso ritmo, aproveitando cada detalhe do caminho. O plano inicial era fazer tudo a pé, mas ao longo do trajeto, percebemos que caronas e ônibus também seriam bem-vindos para otimizar o tempo e nos permitir explorar mais.
Nossa jornada começou em São Paulo, de onde seguimos até Ubatuba e paramos na Praia das Toninhas. O visual já indicava que estávamos no lugar certo para uma grande aventura.
Seguimos caminhando pela beira-mar, passando por praias icônicas como Praia Grande, Tenório e Vermelha do Centro. Essa última nos deixou em dúvida: seguir direto pela rodovia Rio-Santos ou desviar até a Ponta Grossa? Decidimos pela segunda opção, e foi uma escolha acertada.
A trilha foi longa, mas a vista do mar no final compensou cada passo. Como se a recompensa visual não bastasse, ainda tivemos a surpresa de ver um grupo de golfinhos nadando ao longe.
Hospedagens e desafios
Ao voltar, continuamos nossa caminhada rumo a Itaguá. Nosso plano era acampar por lá, mas o camping que havíamos pesquisado estava fechado. Por sorte, moradores nos indicaram um hostel, que se revelou uma excelente alternativa: aconchegante, barato e bem localizado. Tivemos a sorte de chegar no meio da Festa de São Pedro Pescador, um evento tradicional da cidade. Foi uma experiência inesperada e muito divertida!
Conhecemos outras praias
No dia seguinte, retomamos a jornada, passando pelo mirante da Praia do Cruzeiro, depois por Perequê-Açu e, em seguida, pela encantadora Praia Vermelha do Norte. Seguimos até Itamambuca, onde conseguimos uma carona que nos poupou um bom tempo de caminhada.
Lá, optamos por acampar em um local simples, mas bem estruturado. Um dos momentos mais legais foi a travessia de barco e trilha até a praia, uma experiência única que nos colocou em contato ainda mais próximo com a natureza.
A partir desse ponto, nossa rota seguiu por praias menos movimentadas, cada uma com sua própria beleza e peculiaridades. Chegamos à Praia do Félix após uma trilha curta e tranquila. Já a Praia de Prumirim exigiu um pouco mais de planejamento. Encontramos um camping dentro de um condomínio fechado, um espaço simples, sem iluminação, mas que serviu bem para passar a noite. A proximidade da praia compensou qualquer dificuldade.
Ubatuba tem visuais deslumbrantes
No dia seguinte, visitamos a Praia do Léo, um local pequeno, mas charmoso. Subimos até um mirante incrível, um dos mais bonitos de Ubatuba. De lá, seguimos para a Praia de Puruba, mas enfrentamos um desafio: a única maneira de acessá-la era atravessando um rio de barco. Infelizmente, chegamos tarde demais, e a embarcação já não estava operando. Ficamos só na vontade e seguimos caminho.
À noite, chegamos à Praia do Estaleiro do Padre, onde encontramos uma pousada simples para descansar. No dia seguinte, nossa caminhada nos levou até a Praia da Almada e, de lá, seguimos para a Praia do Engenho. Para visitar a última praia do trecho, a Brava da Almada, optamos por deixar as mochilas para trás e fazer a trilha mais leves, pois o terreno era íngreme. Valeu a pena, pois a praia era lindíssima e deserta.
Seguimos nosso trajeto até a Praia da Fazenda, uma das mais bonitas que encontramos. O local faz parte de uma reserva, e havia um camping na área, mas não sabíamos se estava funcionando. Continuamos até Picinguaba, uma vila de pescadores charmosa, mas sem opções baratas de hospedagem. Decidimos seguir até Camburi, onde, antes de chegar à praia, paramos para um banho refrescante na Cachoeira de Camburi.
A trilha até a Praia de Camburi foi cansativa, mas, ao avistar o mar, o esforço foi instantaneamente recompensado. Conquistamos mais um destino da nossa jornada! Depois, conseguimos uma carona até Trindade, já no estado do Rio de Janeiro. Decidimos passar alguns dias lá para aproveitar as diversas praias e pousadas. Descansamos, curtimos e seguimos para Paraty, nosso destino final. Fizemos esse último trecho de ônibus, pois a caminhada seria longa e não havia trilhas costeiras para seguir.
Destino final
Chegar a Paraty foi uma sensação incrível. Para nossa surpresa, a cidade estava em plena FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty), um evento que movimenta a cidade e reúne amantes da literatura de todos os cantos. Depois de tantos dias na estrada, poder descansar e explorar a cidade histórica foi a cereja do bolo dessa jornada inesquecível.
Esse mochilão foi muito mais do que uma simples viagem; foi uma experiência transformadora. Aprendi que, por mais que um plano inicial seja traçado, a viagem sempre tem surpresas guardadas. A sensação de liberdade, o contato direto com a natureza e a hospitalidade das pessoas que encontramos pelo caminho fizeram dessa aventura algo único.

Sou Michele, apaixonada por ecoturismo e por tudo o que envolve aventura e natureza. Ubatuba é meu playground e, ao longo dos anos, explorei os melhores lugares para trilhas, mergulho, surf, rapel e tantos outros esportes ao ar livre.
Mas não basta só conhecer os destinos — saber como chegar com segurança, o que levar e quais cuidados tomar faz toda a diferença. Por isso, compartilho dicas práticas para que você evite imprevistos e aproveite cada momento ao máximo. Quero que sua viagem a Ubatuba seja memorável, cheia de descobertas e conexão real com a natureza!